quinta-feira, 8 de julho de 2010

A VIDA COMO ELA É.


Roda de Fogo, era nome de uma dramática novela exibida pela Globo nos anos oitenta e, como é bastante comum, passou a denominar mais uma das favelas que nasceu no entorno do Recife.

Um jovem casal levava sua vida nesse ambiente de dificuldades, mas se amavam e isto superava todos os problemas. Janaina, frustrada com o fato de que não o casal não gerava filhos, começou a freqüentar uma igreja evangélica, em busca de ajuda para engravidar.

Joab, o marido, apesar de filhos de pais religiosos, desencantara-se com os mistérios da fé e esta diferença vinha minando a relação de ambos, aos poucos.

Marido e mulher, não passavam uma semana sem que discutissem, por motivos insignificantes.

Passado um ano, a religiosidade de Janaína aumentara e sua vida passou a girar em torno da igreja, tornando-se colaboradora assídua do jovem pastor.

Joab, que trabalhava como carapuceiro numa transportadora, foi despedido sem justa causa e os problemas do casal se agravaram. Bastava a Janaina fazer uma referência a Cristo, como era seu costume, para o marido falar impropérios.

Janaína não agüentou mais o que considerava como desrespeito e blasfêmias do esposo e resolveu se separar, contra a vontade de Joab, que somente parou de lhe incomodar ao telefone quando a ex-mulher trocou o número do celular.

Joab voltou para a casa dos pais, no Curado IV. Passado dois anos da separação, envolvidos com más companhias, tornou-se assaltante e assim foi vivendo, sem saber notícias de Janaina.

Certa noite, ele e seus amigos, resolveram fazer uma “parada” no bairro do Engenho do Meio, assaltando os ocupantes dos carros que transitavam por suas ruas.

Num Vectra semi-novo, vinha o novo pastor da igreja evangélica do bairro, acompanhado de sua esposa e do filho recém-nascido que se encontrava numa cadeirinha no banco traseiro.

De arma em punho e nervoso, Joab se aproximou do veículo e anunciou o assalto. Mesmo sem tirar os olhos do motorista, de quem estava subtraindo a carteira, Joab reconheceu a ex-mulher que, gritou: “Sangue de Cristo tem poder!”.

Surpreendido, Joab deixou cair o revólver no chão e jogou no banco traseiro a carteira roubada, deixando o lugar em disparada carreira, sem levar nada das vítimas.

O marido de Janaina, cheio de júbilo, gritou que fé da esposa havia lhes salvado e a mulher nunca lhe revelou que conhecia o ladrão.

Dois meses depois, Joab foi morto numa tentativa de assalto a um policial militar que, também, era membro da mesma congregação religiosa de Janaina e seu marido. Janaina não foi ao enterro, aliás, somente soube da morte do ex-marido através do Diário de Pernambuco.

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