segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

À Sua imagem e semelhança



Pássaros são semelhantes a outros pássaros.

Cães são semelhantes a lobos.

Mas cães não são semelhantes a pássaros. Montanhas são semelhantes entre si, oceanos são semelhantes, mas a montanha não se assemelha ao mar. O mar não lembra montanhas, nem aves lembram cães.


É característica dos semelhantes que um lembre do outro. Há coisas em comum que os fazem, não iguais, nem parecidos, mas criaturas que se lembram.

O dicionário Aurélio define a palavra semelhança como "Relação entre seres, coisas ou idéias que apresentam entre si elementos conformes, além daqueles comuns à espécie".


Vale dizer: semelhante não é igual. Nem necessariamente parecido. É alguém que lembra alguém ou algo que lembra algo, porque tem características em comum.
Deus e Eu ...

Nesse sentido é que a Bíblia afirma que o Homem é feito à imagem e semelhança de Deus (Gen. 1,26-27) e a teologia católica afirma que somos semelhantes a Deus.

Em nenhum momento a Igreja quer dizer que Deus se parece conosco.

Nem pode afirmar que Deus se assemelha a nós. Ele não pode ser comparado a nada e a ninguém. Quem se assemelha somos nós, que precisamos ser comparados.


Se alguém tem algo que lembra alguém, este alguém somos nós, que temos valores que lembram a idéia de Deus. Já, Deus, existiu antes de qualquer criatura e poderia continuar existindo e sendo ele mesmo sem nós.

Assim, é preciso uma certa dose de humildade para entender o que isso quer dizer: O ser humano lembra a existência de Deus.

A idéia de ser humano pode levar à idéia de Deus. É o que diz o Catecismo Católico quando afirma no número 32 que a pessoa humana é uma das vias de acesso ao conhecimento de Deus.

Deus não se parece conosco, mas o ser humano tem algumas qualidades que apontam para Ele, o OUTRO, O grande ser, Aquele que é quem é. Somos semelhantes, mas estamos longe de ser COMO DEUS.

Uma alegoria Bíblica (Ap. 12,9; Mt. 25,41) diz que a revolta dos anjos teve esse teor: Lúcifer (que significa o porta-luz) quis ser COMO DEUS.

Miguel (que significa quem é como Deus?) expulsou Lúcifer e seus anjos revoltosos do paraíso. Por não aceitar apenas uma leve semelhança e querer mais do que isso, Lúcifer -porta luz-, tornou-se Satanás, o tentador, o inimigo, ou diabo, aquele que separa ou confronta.

É uma alegoria. Mas ensina o suficiente sobre o nosso lugar de criaturas humanas.
Podemos, com a nossa vida apontar para Deus, mas nunca seremos pequenos deuses, nem pedaços de Deus. Somos humanos.

Há uma distância infinita entre Ele e nós. Deus só está perto porque quis estar perto. Por isso o chamamos Emanuel, Deus no meio de nós.

Nenhum comentário:

Postar um comentário