
O fato é que, sofrendo, machucado na alma, ele acha que Deus não se importa com ele, porque seu sofrimento nunca foi amenizado.
A verdade é que muitos não se arrependem.
Querem ser perdoados sem ter que perdoar. Querem clemência sem penitência.
Não importam-se com Deus e querem que Deus se importe com eles.
Na verdade, Deus importa-se, mas não do jeito que eles acham que deveria ser.
O bandido que trouxe seu revólver e o esfregou no altar para dar sorte na hora de usá-lo tinha a noção mais errada possível de religião e de Deus.
Ele e aquele homem que matou três soldados para tirar um companheiro de crime de uma viatura não estão sozinhos.
Muita gente diz isso: "-Acho que Deus me jogou aqui e me esqueceu. Ele não se importa com o que acontece comigo".
Aí vem Jesus e diz que devemos olhar os lírios do campo e que devemos procurar, primeiro, o reino de Deus, que o resto nos será dado como acréscimo.
Este primeiro o Reino é que pesa! Se não o procuramos nem queremos que ele venha cheio de misericórdia e de serviço aos irmãos, não haverá resto de acréscimo.
Vem Jesus e diz que Deus não deixará que seja desperdiçado nem um fio de nossos cabelos (Lc 21,18) e sabe de cada fio de cabelo que temos na cabeça.
Mas, como convencer uma pessoa que Deus se importa conosco e com cada célula de nosso corpo, se acontecem coisas ruins com as pessoas e Ele não interfere?
O mistério do bem e do mal sempre existirá.
Quem por acaso, fizer uma leitura acurada do livro de Jó, vai descobrir que o livro se debruça sobre o mistério do sofrimento humano do começo ao fim.
Desgraça após desgraça, só no fim é que Jó entende que Deus se importa com ele.
Durante todo o período de sofrimento, assaltavam-lhe dúvidas cruéis.
Era demais para a sua cabeça. Jó é um pouco de todos nós. Quando estamos bem não nos importamos muito com Deus. Quando estamos mal, gostaríamos que Ele se importasse conosco.
Como explicar ao ser humano, que o mistério da graça é mistério que se pode tentar entender, mas que não é fácil? Que tem que haver correspondência? Jesus curou gratuitamente o homem da piscina de Bethesda e sem que o homem pedisse.
Mas ao encontrá-lo no Templo cobrou uma vida honesta para que não caísse numa pior (Jo 5.2-14). Cobrou de Pedro, de Judas, de todos.
Avisou que haveria cruz! A graça pode até vir de graça, mas não fica de graça. Tem que haver resposta.
O episódio da figueira que não produzia frutos porque não era estação foi dramático. Um exemplo que assustou os discípulos. Temos que produzir frutos.
Não temos nem a desculpa de dizer que não era aquela a estação (Mt 21,18-21).
Vivemos cercados de mistérios e um deles é a existência do mal no mundo.
O bem nos parece natural que exista. É o mal que dói sempre além da conta, porque é um mistério que incomoda.
Como o mau não tem estação para injetar o seu veneno, o bom não pode esperar o tempo de fazer o bem.
Se procurado, tem que ter o que oferecer! Pense dessa maneira no Deus que se importa! Ele se importa para que nos importemos!
Oremos para entender os desafios da vida...
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